Cientistas descobrem papiro com milagre de Jesus na infância
uitos mistérios cercam as religiões cristãs e seu início no mundo. Entre estes mistérios estão os textos apócrifos, aqueles não reconhecidos pela igreja católica.
Um achado arqueológico extraordinário pode transformar a compreensão acadêmica e teológica sobre os primeiros anos de Jesus Cristo. Pesquisadores da Universidade de Humboldt, na Alemanha, revelaram que um papiro aparentemente comum é, na verdade, um importante documento histórico: a mais antiga versão conhecida do Evangelho de Pseudo-Tomé, um texto apócrifo que detalha episódios da infância de Jesus.
O Evangelho de Pseudo-Tomé, nomeado assim por sua atribuição a um Tomé diferente do apóstolo bíblico, é um texto excluído do Novo Testamento que narra eventos pouco conhecidos da juventude de Jesus. Enquanto outros eventos datam do século XI, este novo fragmento foi datado dos séculos IV ou V, estabelecendo-se como a cópia mais antiga encontrada até hoje. O papiro, escrito em grego antigo, mede 11 x 5 centímetros e acredita-se que tenha origem egípcia.
A descoberta ocorreu na Hamburg Carl von Ossietzky State and University Library. Originalmente, o fragmento foi catalogado como um documento cotidiano, possivelmente uma lista de compras ou correspondência privada. No entanto, a presença do nome “Jesus” chamou a atenção de um dos tradutores, que decidiu aprofundar a investigação.
Uma análise detalhada confirmou tratar-se de um fragmento do Evangelho de Pseudo-Tomé. Este evangelho apócrifo foi possivelmente escrito no século II e o papiro recém-descoberto pode ter sido usado como exercício de escrita em um monastério. O texto descreve o episódio conhecido como “vivificação dos pardais”, um milagre realizado por Jesus ainda criança.
O MILAGRE DOS PARDAIS
O relato no papiro detalha um momento na infância de Jesus, aos cinco anos, moldando pardais de argila. Quando repreendido por seu pai, José, por violar o sábado — dia sagrado de descanso — Jesus bate palmas e transforma as figuras de barro em pássaros vivos. Este evento, retratado no Evangelho de Pseudo-Tomé, enfatiza tanto a divindade precoce de Jesus quanto as tensões culturais e religiosas que ele enfrentava.
A autenticidade e o contexto histórico do papiro ainda estão sob exame rigoroso. Um artigo acadêmico detalhando as descobertas e análises está em preparação e promete lançar mais luz sobre a importância deste documento.
O achado poderá impulsionar novas investigações sobre textos apócrifos e sua relevância para a historiografia cristã. A possibilidade de descobrir documentos semelhantes poderá abrir novas fronteiras na pesquisa sobre a vida de Jesus e o desenvolvimento dos primeiros anos do catolicismo no mundo.
Fonte: DOL