Bairro do Mutange, em Maceió, desaparece na contagem do IBGE no Censo 2022
Novos dados do Censo 2022 divulgados nesta quinta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que Maceió tem 49 bairros, um a menos que o levantamento feito no Censo 2010. O Mutange não aparece na contagem. O bairro é um dos cinco afetados pela mineração que causou o afundamento do solo.
Apesar do bairro não ter mais morador, imóveis e comércio, o Mutange continua sendo um bairro, conforme Lei Municipal nº4687 de 1998.
Em 2010, a população do Mutange era de 2.632 moradores. Em 2022 não houve registro no IBGE . A contagem mostra ainda que houve uma redução de 30.131 quando somados os bairros do Pinheiro, Bebedouro e Bom Parto, além do Mutange. Isso é mais que a população de uma cidade inteira do interior do estado, como São José da Laje (20.813), por exemplo.
O único bairro que apresentou aumento na população foi o bairro do Farol. Segundo a contagem, o bairro de Bebedouro passa a ser o menos populoso da capital. O Censo mostra que a população total em Maceió é de 957.916 pessoas.
Bairros foram evacuados por causa da exploração de sal-gema
Segundo a Defesa Civil, 9.173 imóveis foram demolidos em Maceió nas regiões afetadas pelo afundamento do solo. Desse total, 1412 no Bebedouro, 1992 no Bom Parto, 440 no Farol, 1057 no Mutange e 4272 no Pinheiro. Cerca de 60 mil pessoas tiveram que evacuar suas casas. As primeiras rachaduras apareceram em 2018. Após uma longa investigação, o Serviço Geológico confirmou relação das ações da Braskem com as rachaduras nos bairros afetados.
Um Programa de Compensação Financeira foi criado ainda no final de 2019 pela Braskem para indenizar os proprietários dos imóveis que tiveram que ser desocupados. Os moradores da região que discordavam dos valores oferecidos movem ação na Justiça contra a mineradora.
Ao longo do ano de 2023, moradores do Bom Parto que ainda vivem na borda da área de risco realizaram diversos protestos cobrando inclusão no Programa de Compensação Financeira da Braskem, mas a Defesa Civil Municipal afirmava que não havia risco para essas moradias.
Contudo, após 5 tremores de terra somente no mês de novembro, a Defesa Civil de Maceió alertou para o “risco de colapso em uma das minas” no Mutange e moradores de 23 imóveis do Bebedouro e do Pinheiro foram obrigados a sair de casa às pressas sob ordem da Justiça Federal, que autorizou até uso da força policial caso as pessoas resistam a deixar o local.
O rompimento de parte da mina 18 da Braskem aconteceu no dia 10 de dezembro. Segundo a Defesa Civil, a cavidade foi preenchida com rocha e água da lagoa, levando à estabilização da área.
Fonte: G1/AL